quarta-feira, 25 de abril de 2012

Crítica: 'Fúria de Titãs 2'



Jornal do BrasilAndré Prado
O primeiro filme decepcionou muita gente e muitos fãs do clássico dos anos oitenta. Este era repleto de stop motion  e mitologia grega. O primeiro Fúria de Titãs, dirigido por Louis Leterrier, era mais fantasioso. O segundo muda de direção, a Warner Bros. coloca a sequência nas mãos de Jonathan Liebesman e aposta em uma estética mais suja e realista, bem ao estilo Gladiador.
Dez anos após derrotar o Kraken, Perseu (Sam Worthington), o semideus filho  de Zeus (Liam Neeson), vive como pescador e cria sozinho seu filho, Helio (John Bell), após a morte de sua esposa. A descrença dos homens enfraqueceu os deuses e uma luta entre eles está prestes a devastar a humanidade. Perseu será arrastado para mais uma aventura e estará em suas mãos, mais uma vez, o destino dos homens.

Sam Worthington no papel de Perseu
Sam Worthington no papel de Perseu
Bom, temos um grande elenco, tecnologia suficiente e a mitologia seria um prato feito para um bom entretenimento, mas alguém esqueceu de dizer que sem roteiro não adianta nada. O roteiro é fraco e a velocidade acelerada não consegue mascarar a superficialidade dos personagens que não conseguem cativar o público. O descaso com a mitologia pode irritar muito e ciclopes de borracha perdem feio para o stop motion de Ray Harryhausen, ele, um fantástico artista de efeitos especiais, que desenvolveu brutalmente esta técnica e estava no clássico Clash of titans de 1981.
Um ponto que enfraquece demais o roteiro de Dan Mazeau e David Leslie Johnson é o completo descaso com a mitologia grega e seus personagens. Zeus é um líder bom e sábio, Hades (Ralph Fiennes) tem um bom coração mesmo sendo um dos vilões, e parece que o único que está mais próximo de seu personagem é Ares (Édgar Ramírez), que, repleto de ciúmes e inveja, será incansável enquanto não acabar com toda a humanidade. Os deuses da mitologia eram vaidosos, fúteis e usavam os humanos como brinquedos. Sexo, vaidade e poder, isso quase some para dar lugar ao politicamente correto e nem esses reais valores são esclarecidos em um roteiro mais preocupado com a ação do que qualquer outra coisa.
Quanto ao 3D, se torna bastante repetitivo assistir a filmes com primeiro e segundo plano. Nessa onda do 3D, muitas obras estão apenas naquela de profundidade, realçado pelo foco e ausência do mesmo. Poucas cenas em que objetos voam em cima do expectador ou para todo lado. Não vale. Assistam ao clássico de 1981.

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